Estava à espera de uma carta, mas recebi um E-mail. Não da autora, mas da agência sua representante. Eu, achando que a mulinha do carteiro de Divinópolis estava doente, daí a demora, já estava para aplicar o princípio "Quem cala, consente!" Mas uma editora a qual eu havia solicitado a morada da autora repassou o pedido para a agência. E agora tudo depende da própria Adélia Prado ou do diálogo que ora temos com a agência, descritos a seguir:
[olá Jorge,
tudo bem?
o meu nome é Míriam, trabalho na Agência Riff e nós cuidamos das obras da Adélia Prado.
eu preciso de algumas informações sobre o projeto:
o calendário será impresso ou será utilizado apenas na internet?
se for impresso, quantos exemplares vocês pretendem imprimir?
como serão distribuídos os calendários? serão utilizados textos de outros autores no calendário?
aguardo seu retorno, ok?
muito obrigada!
um abraço,]
[Cara Míriam
grato pelo pronto atendimento.
O calendário está sendo preparado para impressão bem barata tipo bloco com folhas destacáveis. Comprometi-me a oferecer pelo menos um exemplar a cada participante o que irá proporcionar uma aventura quase tão grande quanto a de coleccionar 366 poemas para preencher o ano bissexto de 2012. Quanto à distribuição, temos dois pontos a observar: o primeiro é que não há a pretensão de venda, farei mais ou menos 300 exemplares para ofertar aos participantes; e, segundo: se não tiver o dinheiro necessário para tal, farei 500 exemplares e colocarei 200 exemplares à venda para cobrir as despesas. Outrossim, gostava de saber qual o custo para uma edição comercial de 1000 exemplares, isso numa hipótese muito remota.
Obrigado.
A seguir, mais informações sobre o andamento do projecto.
A idéia inicial é a de incentivar a escrita e de libertar os poemas engavetados e também conter os de artistas publicados desde que manifestem o interesse em participar da brincadeira. Dos conhecidos já contamos com a participação de Afonso Romano de Sant’Anna, Paula Wenke, Alice Ruiz, Bruna Lombardi, Ruy Zink, Marisa Vieira, Xosé Lois Garcia, Paulo Seco, Filomena Cabral, Rosália Milsztein, Marcelo Girard, Brisa Marques, Filipa Leal, Marie Alix de Saint-Roman, Rosa Lobato de Farias, Agualusa e, ainda a espera da resposta, Mia Couto.
Esta “era” a idéia inicial, pois que depois de um dos organizadores da Folhinha (eu) querer satisfazer um gosto pessoal e convidar Adélia Prado, abriu precedente para que outros participantes (e havemos de convir que são os “donos” da Folhinha Poética) para que também se lhes fizesse os gostos. Sendo assim, eu, enquanto organizador, elaborei uma selecção que pudesse agradar à maioria (alguns dos quais são representados pela RIFF).
Algumas escolhas foram feitas por mim à revelia, porém tive o cuidado de procurar observar a história de vida ou o teor da obra do escolhido, na intenção de ter argumentos de defesa por usar os seus nomes e as suas obras. O que já gerou alguns episódios engraçados como quando me deparei com a dificuldade de encontrar quem pudesse autorizar a utilização de um poema do bandido assaltante Lúcio Flávio ao que um amigo advogado disse se não seria o caso de aplicar a máxima “Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão!”
Perdoa-me por estender sobremaneira os esclarecimentos solicitados, mas estou pensando em pedir a colaboração de vossa Agência na divulgação dessa empreitada.
Então, vamos lá:
O projecto teve inspiração no “Poemário”, editado pela Assírio Alvim, de Portugal. Cuja diferença marcante seria a de incluir poetas nascentes e desconhecidos numa mesma colectânea, já que uma composta apenas por novatos a própria Assírio Alvim já havia feito em 1986 com o “Calendário de poetas não publicados”. Outra diferença é a que a nossa Folhinha se utiliza da língua original, não se servindo de traduções. O que gera um aspecto lúdico para o usuário que se vê forçado a descobrir o significado (tarefa que se torna agradável mesmo com a utilização da Internet).
A metodologia aplicada está sendo a da “Bola de neve”. Vai-se passando palavra... (acredito que aqui a Riff seria de grande ajuda). O critério de escolha é o de ordem de chegada. Quando o participante envia mais de um, aplica-se o infalível método “Uni-duni- tê...” O mesmo critério é aplicado para os “convidados”.
Existe ainda uma lista com os sheakesperaes, os dantes e os pessoas da vida que farão parte do calendário caso não se consiga os 366.
Algumas editoras já manifestaram interesse no projecto, o que por um lado seria bom, posto que poder-se-ia oferecer um número maior de exemplares a cada participante e até algum dinheirinho como pagamento de direito autoral; por outro lado, seria mau no caso de haver ingerência na obra que pretende ser o mais ecuménica possível.
Devido à dificuldade que tive para entrar em contacto com a senhora Adélia Prado, escrevi-lhe uma cartinha que reproduzo a seguir, a título de curiosidade: (...)]
[Cara senhora Míriam
abri mão dos autores representados pela Riff, mas gostava de poder contar com o Amor Feinho, da Adélia Prado. Se pudesse ter a resposta pessoal dela, é possível?
Grato]
Uma coisa é certa: só podemos contar com quem deseja participar da aventura ou com quem temos alguma intimidade, nem que seja uma cachaça que tomamos juntos no botequim da esquina. Nenhum que possa trazer chatices! É pena, pois Cecília Meireles fica de fora.