Ia o burrito em Divinópolis, toc, toc, toc, toc, muito
entusiasmado, levava no alforge carta do Jorge
para A. Prado. Que erva bem ele queria!
A Dona teria fava? Quanto mais fresca, melhor!
Mas fava não recebeu, logo nada comeria,
vingando-se como pôde,
lançou um zurro e correu!
Que tristeza a do vate, pintor de extrema beleza!
Nada receberia daquela importante tia!
De narina acesa, bufou, ajeitou a canga ao dorso
e, ganhando lanço, jurou:
"Quando for poeta um dia, darei fava ao burrico,
enviarei um textito, para alegria do Jorge,
que de mim bem falou, à Amiga portuguesa,
ela longe, eu aqui! "
...Que a fava, encravada, pela lonjura do caminho,
não chegou; mas chegaria, feito aquela da Prado:
nada lhe não daria aquela tia!
Quase se engasgara o burro:
mastigava, deliciado, a carta!!!
Abraço: o poema há-de chegar (Quando eu for importante, pedirei ao meu agente que lhe envie cantiga), desde que o não coma o burro poeta! É viver e aprender, caro Amigo!
Filomena Cabral
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